O tabuleiro eleitoral de Santa Catarina começa a desenhar um cenário que promete sacudir a política em 2026. Se as projeções se confirmarem, três sobrenomes iguais devem aparecer nas urnas catarinenses: Flávio Bolsonaro mira o Palácio do Planalto, Carlos Bolsonaro avança para o Senado e Renan Bolsonaro entra no jogo por uma vaga na Câmara Federal. Para a base bolsonarista, o arranjo soa como música. Para a política tradicional do estado, nem tanto.

Família Bolsonaro se articula para ocupar Presidência, Senado e Câmara em 2026 e deve provocar impactos nos apoios a políticos na região do Vale do Rio Tijucas e Costa Esmeralda.
O primeiro a sentir o vento mudar de direção pode ser Esperidião Amin (PP). A costura em torno de Carol de Toni, que deve trocar de partido para disputar o Senado, ameaça diretamente a vaga hoje ocupada pelo decano do PP. E o movimento não é pequeno. Prefeitos da Costa Esmeralda e do Vale do Rio Tijucas já bateram martelo em apoio à deputada. Maickon Campos Sgrott (Tijucas), Joel Lucinda (Porto Belo), Diogo Maciel (Canelinha) e Alexandre Xepa (Itapema) avalizam a aposta.
Os números de 2022 ajudam a explicar a confiança. Em Tijucas, Jair Bolsonaro ultrapassou 71% dos votos e Jorginho Mello passou de 73%. No retrato estadual, Jorge Seif liderou a corrida ao Senado, Carol foi a mais votada para a Câmara Federal e Ana Campagnolo dominou a disputa à Alesc, todos sob a bandeira do PL. A direita venceu, e venceu com folga.

Agora, as pesquisas já apontam Carlos Bolsonaro como franco favorito ao Senado. Flávio ainda não aparece nos levantamentos locais para a Presidência, mas sua força eleitoral é considerada previsível. Juntos, ajudam a puxar Renan Bolsonaro, hoje vereador mais votado de Balneário Camboriú, que entra na disputa federal com a vitrine cheia.
Num cenário dominado por sobrenomes conhecidos, sobra pouco espaço para dissidência. Bater de frente com um Bolsonaro, dizem nos bastidores, pode custar caro e, em muitos casos, significar a exclusão do campo da direita.

O partido que mais sente a pressão é o PP. A legenda sonha com uma dobradinha ao Senado que garanta a permanência de Amin. Mas a saída de Carol do PL e sua migração para outra sigla embaralham o plano. Com o MDB já costurado como vice de Jorginho Mello, o PP corre o risco de perder o Senado e ter que se reinventar com uma bancada forte na Alesc para sobreviver ao próximo ciclo municipal.
Talvez esse cenário ajude a explicar a insistência de Maickon Campos Sgrott (PP) em migrar para o PL. O Progressistas que já encolheu nas últimas eleições na Assembleia e Congresso, corre o risco de sair dessa ainda menor, e mudar de barco pode ser uma ótima saída.