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Exposição solar na infância pode definir risco de melanoma, diz especialista

O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil

Por Daianny Camargo
04/12/2025 20:51:41

As meninas Mariah e Maitê Tormena, de 4 e 1 ano de idade, não vão à praia sem cuidados diários da mãe, a secretária executiva Janaina Cunhaco, de 37. Quando o fim de semana é de sol, toda a família sai de Brusque rumo à praia. "Desde que a minha primeira filha era bebêzinha, eu não descuido da proteção, agora com a mais novinha os cuidados são os mesmos. Eu passo bastante protetor solar, principalmente, no rosto, nas áreas sensíveis, como na orelha e no pescoço. Tento usar sempre o protetor fator 50, repondo a cada duas horas. Coloco nelas camisetas manga longa com proteção UV e estou sempre oferecendo água, além disso, tento deixar um boné ou um chapeuzinho na cabeça. Na praia, deixo elas brincando embaixo do guarda-sol ou embaixo da barraca, na piscina, sempre na área coberta", conta a mãe sobre os cuidados com as filhas. Além disso, Janaina lembra que, os cuidados com o sol, também fazem parte da rotina dela e do esposo. "A gente também toma esse cuidado, sempre com protetor solar e sempre que possível, ficamos na sombra, até porque nós, pais, precisamos ser exemplos para os nossos filhos", relata. 

 

 

Segundo a médica dermatologista, Ana Kris da Silva Sommariva, a Janaina está correta nos cuidados com as filhas e também com ela e o marido. Conforme explica a médica, a maior incidência de raios solares que pegamos durante a vida, é na infância. A criança se expõe mais do que o adulto, pois gosta de brincar no sol e a pele dela é mais fina, mais sensível, sendo assim, os raios solares penetram mais. "Os efeitos deletérios do sol, estão muito relacionados ao quanto a gente pegou de sol durante a vida. Os raios solares são acumulativos, então, se a gente começa a pegar muito sol desde criança, imagina até a fase adulta, é muito sol. Temos que começar a cuidar desde criança. Antes dos seis meses de idade não se usa protetor solar, só se protege a criança do sol, com roupas e deixando sempre a sombra. Depois dos seis meses, já é possível usar protetor solar infantil, e depois dos seis anos de idade a criança pode usar protetor solar adulto mas, de preferência, continue com protetor infantil até uns 10 anos", explica a dermatologista, que é membro da Associação Brusquense de Medicina - ABM. 

Ainda de acordo com a médica, outro fator que muitas mães questionam é sobre a importância do sol, para produção de vitamina D. "O raio que produz a vitamina D, ele não passa o vidro, então, às vezes, as mães deixam as crianças um pouquinho em cima da cama, pegando aquele sol que entra pela janela. Isso não resolve, pois tem que ser poucos minutos, no máximo, uns 10 minutinhos, mas tem que ser com a janela aberta", alerta. 

Porém, quando falamos dos adultos, que muitas vezes não tomaram os devidos cuidados anteriormente, ainda na infância, passando anos e anos se expondo ao sol, é fundamental correr atrás do tempo perdido. Sobre a produção de Vitamina D, a dermatologista lembra que, "a nossa produção de vitamina D (adultos), exige uma exposição bem pequena. As pessoas muito 'branquinhas', 10 minutinhos por dia e as mais morenas, uns 20 minutos. Pode ser uma pequena área do corpo, por exemplo, como só nas pernas ou só nos braços, e tem que ser naquele sol no pior horário mesmo, das 10 até umas 3 da tarde e sem protetor. Reforço que é muito pequena essa exposição necessária para vitamina D, e a dica é passar protetor e deixar uma área ou outra sem proteção, e assim que deu os 10, 15 minutinhos, já passa o protetor de novo". 

SOBRE O CÂNCER DE PELE E TRATAMENTO
O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer - INCA registra, a cada ano, cerca de 185 mil novos casos. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém seus números são muito altos. Os tipos de câncer de pele mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares, responsáveis por 177 mil novos casos da doença por ano. Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele e registra 8,4 mil casos anualmente. O câncer de pele melanoma é o que tem mais chance de metástase, ou seja, ele pode levar à morte e um dos principais fatores de risco dele, além da história familiar, é o número de queimaduras solares que a pessoa tem durante a vida. 

"Algumas situações que chamam a atenção para sintomas da doença, por exemplo, são feridas que não cicatrizam, ou seja, aquelas feridinhas que às vezes você vai se enxugar depois do banho com a toalha e, só ao passar, já sangra ou, em outras vezes, está há meses com aquela feridinha que não cicatriza. Isso desperta atenção para o câncer de pele não melanoma, que a gente chama que é um câncer de pele um pouco mais tranquilo, mas deve ser tratado. Existe o câncer melanoma, que esse os sinais são geralmente uma mancha preta, bem irregular com bordas irregulares, que vai crescendo. Nestes casos, as vezes ela era castanha, agora é preta, castanha, vermelha, ou seja, tem várias cores, e isso chama muita atenção para uma transformação maligna, ou seja, lesões que começam a se alterar tanto na cor, no formato e no tamanho, e devem acender um sinal de alerta. Se apresentar, a pessoa deve procurar um dermatologista", alerta a médica. 

Vale lembrar que todos os tipos de câncer de pele têm tratamento, desde que diagnosticados cedo. "A maioria dos tratamentos são cirúrgicos e, na maioria das vezes, acaba ali na cirurgia. Você faz a cirurgia e está resolvido, porém, em alguns casos, esse câncer pode já ter se espalhado e, às vezes, é necessário fazer radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia. Hoje temos algumas modalidades de tratamento, mas todos eles são curáveis dependendo da fase em que foi descoberto", completa.

PREVENÇÃO 
De acordo com a dermatologista, Ana Kris da Silva Sommariva, a prevenção é sempre o que mais se pode fazer para evitar o câncer de pele, seja em qualquer idade. O primeiro passo é respeitar os horários corretos de exposição solar, que seriam antes das 10 da manhã e depois das 3 da tarde, sendo que no "auge do verão", com os dias ainda mais quentes,  o ideal seria depois das 4 da tarde. "A nossa incidência de raios solares é muito alta aqui  e mesmo nesses horários que são mais adequados, a gente pode se queimar e desenvolver no futuro, lesões relacionadas ao sol. Então, cuidar bastante com o horário e de qualquer forma, mesmo que seja nos horários adequados, usar o protetor solar, usar roupas normais ou roupas com proteção solar, chapéu, óculos de sol e protetor solar", reforça. A médica sugere ainda que, as mulheres que gostam do "bronzeado de verão", o façam de forma moderada e aos poucos. "A gente pode ficar bronzeada, mas tem que ser um bronzeado sadio, que é aquele que é conseguido com o tempo, ou seja, você não pode sair de uma pele branca para uma pele bronzeada em poucos dias. O ideal é que você bronzeie com um protetor solar fator 30, por exemplo,  e vá pegando sol devagar. Vai demorar mais, mas pelo menos será um bronzeado sadio", diz.

Além disso, não podemos esquecer de proteger sempre - e muito-, o rosto, porque é uma pele mais sensível e é onde a maioria dos casos de câncer de pele se desenvolvem. "De preferência, um fator solar de 50, 70  ou mais e, usar chapéu, viseira e não esquecer dos óculos de sol, pois nossos olhos também sofrem muito. Use o que for possível para proteger o rosto, até para evitar manchas e envelhecimento precoce, não só queimadura e câncer de pele", lembra a médica. 

Mesmo com todos os cuidados, se a pessoa se queimar, pegar muito sol, ficar vermelha ou até ter bolhas, a dermatologista Ana Kris da Silva Sommariva, alerta que não se deve usar nada destes tratamentos caseiros, como vinagre, café, pasta de dentes, entre outros. "Deve-se hidratar muito essa pele, com cremes corporais e tomar muita água para repor o  líquido que é perdido na queimadura solar. Pode até ser usado gel pós-sol que dá um alívio na queimadura. Se tiver bolha, tem que procurar ajuda médica, porque às vezes tem que fazer algum outro tipo de tratamento, como uma hidratação endovenosa, mas o principal é, hidratar essa pele e tomar bastante água. Porém, o ideal mesmo, é que não se queime", conclui a médica dermatologista.

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