Santa Catarina viveu um daqueles domingos que ficam guardados na memória coletiva — tardes em que o futebol deixa de ser apenas esporte e vira identidade, catarse e celebração. De Florianópolis a Chapecó, duas torcidas fizeram do 23 de novembro um marco: o Figueirense, campeão incontestável da Copa Santa Catarina 2025, e a Chapecoense, que selou sua volta triunfal à elite do futebol brasileiro.
Foto: Carlos Rauen, NSC
O Orlando Scarpelli amanheceu diferente. Era possível sentir no ar — antes de qualquer grito, antes do apito inicial — uma vibração que só um estádio cheio e pulsante produz. Mais de 16 mil torcedores transformaram a noite em um espetáculo.
E, ainda que o primeiro tempo tenha sido de tensão e nervosismo, com o Joinville mais organizado e aproveitando espaços, o Figueirense soube sobreviver. A desvantagem mínima ao intervalo foi menos um problema e mais um convite à reinvenção.
A virada veio com tudo aquilo que o torcedor gosta de ver: garra, talento e emoção. A expulsão do zagueiro Alisson, logo no início do segundo tempo, abriu caminho para que o Figueira impusesse sua qualidade. E aí brilharam as peças certas:
Leonan, em noite inspirada, empilhou duas assistências;
Felipe Augusto mostrou mais uma vez por que é decisivo;
Reifit ditou ritmo, acelerou, abriu espaços.
O jogo virou, o estádio virou festa, e o título — encaminhado pelo 4 a 1 da Arena Joinville no duelo de ida — apenas confirmou o que se desenhava: o Figueirense foi o time que mais acreditou, mais lutou, mais compareceu. E foi, com justiça, o dono da Copa Santa Catarina e da vaga na Copa do Brasil.
A “ola” que correu pelo Scarpelli por mais de três minutos selou o momento. Era comemoração, era orgulho, era reencontro do clube com sua própria grandeza.
Foto: Rafael Bressan, ACF
A 500 quilômetros dali, outro tipo de emoção tomava conta da Arena Condá. Mais silenciosa, mais tensa, mais dramática — mas igualmente gigante.
A Chapecoense entrou em campo sabendo que precisava vencer e torcer. Um daqueles roteiros que parecem escritos para arrancar o fôlego.
E foi ao finalzinho do primeiro tempo, aos 45 minutos, que o destino começou a mudar. Éverton foi derrubado na área, Walter Clar cobrou com frieza e colocou o 1 a 0 no placar.
O resto foi resistência. O Atlético-GO, nervoso, perdeu dois jogadores já no final da partida. A Chape segurou o resultado com unhas, dentes e coração. E, quando os rivais diretos tropeçaram, o grito preso na garganta finalmente saiu:
“A Chape voltou!”
Depois de quatro anos longe da Série A, o Verdão do Oeste garantiu a vaga em 3º lugar, retomando seu lugar entre os grandes do país.
Do preto-e-branco do Scarpelli ao verde que tomou conta do Oeste, Santa Catarina viveu um dia de vitórias que contam muito mais do que placares. São conquistas que falam de resgate, orgulho, reconstrução e força.
O Figueirense ergue a Copa Santa Catarina com autoridade, estádio lotado e futebol convincente;
A Chapecoense renasce, dá a volta por cima e volta à elite.
No mesmo domingo, dois símbolos do futebol catarinense provaram que, mesmo quando o caminho é duro, a história sempre reserva um capítulo especial para quem insiste em continuar.
