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Ideia de construir marina sobre aterro na praia gera revolta em Itapema

Audiência pública expôs rejeição à marina seca com aterro e detalhou o plano da Prefeitura.

Por Redação D
19/11/2025 15:00:24

A possibilidade de transformar parte da orla do Canto da Praia em Itapema em área aterrada para a instalação de uma marina seca desencadeou forte reação da comunidade e abriu espaço para que a Prefeitura apresentasse um projeto alternativo, apostando em uma marina molhada e em uma nova proposta de reurbanização sem avançar sobre o mar. O tema foi tem de uma audiência pública na Câmara de Vereadores. 

A discussão ganhou intensidade depois que imagens de um empreendimento privado começaram a circular mostrando uma marina seca construída sobre um grande aterro de concreto projetado para avançar sobre a baía. A proposta, segundo vereadores, previa galpões e áreas de estacionamento ocupando um trecho que hoje abriga ecossistemas sensíveis, a atividade pesqueira tradicional e um dos cenários mais emblemáticos de Itapema. A repercussão motivou a tramitação de um projeto de lei, que pretende proibir marinas secas a partir da faixa de areia, justamente para impedir intervenções que exijam aterros e impermeabilização da orla.

 

Simulação de um projeto de marina seca no Canto da Praia, que circulou pelo mercado imobiliário. Fotos: Divulgação
 

Marina seca é uma estrutura em terra firme onde embarcações ficam armazenadas em galpões ou pátios elevados, operando como um estacionamento vertical para lanchas e jetskis. Para funcionar junto ao mar, normalmente depende de áreas artificiais, o que inclui avançar sobre o costão ou sobre o espelho d’água. Essa característica é o principal ponto de tensão no debate, pois o plano ventilado pelo setor privado para o Canto da Praia exigiria a criação de nova área construída sobre o mar, alterando de forma permanente o ambiente natural e a paisagem histórica do local.

 

 

Durante a audiência, a Prefeitura apresentou um estudo conceitual que segue caminho oposto. A proposta, elaborada com participação de arquitetos e técnicos locais, prevê uma marina molhada instalada diretamente sobre a água, sem aterros ou construções que fechem a vista da praia. O plano inclui a criação de um centro turístico e cultural aberto ao público, com caminhos elevados, ciclovia à beira-mar, terminal de transporte turístico, espaços de convivência, equipamentos esportivos, áreas gastronômicas e a formação da chamada “Ilha do Canto da Praia”, que integraria lazer, mobilidade e serviços náuticos. A ideia central é transformar o local em um novo cartão-postal, mantendo a fruição pública e respeitando o ecossistema costeiro.

 

 

As manifestações da comunidade foram majoritariamente contrárias à marina seca. Pescadores alertaram para o risco de perda de áreas de pesca, prejuízo à reprodução de espécies marinhas e impactos sobre o rancho pesqueiro, tombado como patrimônio histórico. Urbanistas defenderam que marinas secas podem existir em outras regiões de Itapema, especialmente às margens dos rios Bela Cruz e Perequê, onde não haveria impacto direto sobre a orla. Apenas uma manifestação durante a audiência adotou posição favorável às marinas secas, citando o potencial de geração de receita e a necessidade de considerar todos os projetos antes da proibição.

Entre os vereadores, parte defende que a restrição é necessária para proteger o interesse coletivo, o patrimônio natural e a cultura pesqueira. Outra parte argumenta que impedir previamente esse tipo de empreendimento poderia afastar investimentos e limitar o desenvolvimento econômico, defendendo que cada projeto deveria ser analisado individualmente.

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