O júri popular que julgou Thiago Vargas Pettirini, conhecido como Gaúcho, pelo homicídio qualificado de Éder Rezini, teve resolução na noite desta terça-feira (18/11), na Câmara de Vereadores de Tijucas. A sessão, que reuniu sete jurados e foi acompanhada por familiares das duas partes, imprensa e comunidade, ultrapassou 12 horas de duração, atravessando manhã, tarde e noite marcadas por confrontos entre defesa e acusação, depoimentos impactantes e intensa expectativa pelo desfecho.

Fotos: Elson Lopes/TopElegance
O julgamento teve início às 09h00, com a formação do conselho de sentença e orientações iniciais do juiz. Já no período da manhã, antes dos depoimentos, houve momentos de forte tensão.

Às 10h35, o clima esquentou entre o advogado de defesa e o delegado Rodrigo Dantas, responsável pelo caso à época do crime.
Poucos minutos depois, às 10h49, o advogado passou a questionar o delegado sobre o laudo e o boletim de ocorrência, contestando a realidade dos fatos e perguntando se ele lembrava de todos os detalhes.

Às 10h54, os familiares de Éder Rezini e Thiago Pettirini foram convocados a entrar no plenário.
Logo em seguida, às 10h55, o delegado reagiu ao advogado dizendo: “Não distorça as coisas, advogado. O assassino aqui é o seu cliente.”
A tensão levou a uma pausa na audiência às 10h57.
A sessão retornou às 11h11, quando o juiz pediu tranquilidade aos presentes e solicitou que ninguém exaltasse os ânimos.

A partir das 11h11, o plenário voltou a receber os presentes para a série de depoimentos da família de Éder Rezini.
A mãe da vítima protagonizou um dos momentos mais emocionantes do dia, relatando entre lágrimas os instantes finais do filho:
11h15 – “Ele foi caindo nos meus braços e morreu na minha frente.”
11h14 – Ela afirmou ainda que o réu teria dito: “Tu me fechou cara, agora tu não fecha mais ninguém” antes de disparar.
O irmão de Éder também prestou depoimento, relembrando a ligação desesperada do filho avisando sobre os tiros.

A sessão retornou às 13h50, quando Thiago entrou no plenário para prestar seu depoimento. O réu alegou ter agido em legítima defesa e descreveu suposta agressão com facão:
14h06 – “Ele me golpeou com facão, eu caí e quando levantei atirei.”
14h00 – Thiago afirmou ter dado “dois disparos no chão” antes do tiro fatal.
A promotora contestou ponto a ponto sua versão, apresentando laudos, imagens, rota do veículo e áudios trocados pelo réu após o crime.
Entre 14h30 e 15h37, a acusação exibiu provas técnicas, vídeos, mensagens e a rota dos carros, reforçando a tese de execução motivada por um desentendimento de trânsito.
A filha da vítima, Maria Fernanda, teve áudios reproduzidos no plenário, pedindo socorro logo após ver o pai baleado — um dos momentos mais comoventes do julgamento.

A partir das 15h46, iniciou-se a fase mais tensa da sessão.
A promotora sustentou que Thiago perseguiu Éder, entrou no terreno da família e o executou na frente da filha e dos pais da vítima.
A defesa ironizou provas, questionou laudos e tentou reforçar a tese de que Éder estava descontrolado e portando um facão.
Entre 16h30 e 17h35, os ataques entre defesa e promotoria se intensificaram, exigindo intervenção do juiz em pelo menos três momentos.

Às 17h56, começou a réplica da promotoria.
A tréplica da defesa foi apresentada às 19h07, com novos debates e discussões.
Durante as falas, frases marcantes chamaram a atenção:
18h34 – A promotora: “Legítima defesa não é escudo para impunidade.”
19h47 – A defesa: “O compromisso está nas mãos de vocês. Não posso permitir condenação injusta.”
A partir das 19h57, o juiz passou a ler três laudos fundamentais: exame cadavérico, análises toxicológicas e relatórios periciais.
Às 20h10, teve início a votação dos jurados, enquanto imprensa e familiares aguardavam do lado de fora, já após mais de 11 horas seguidas de julgamento.
Às 21h30, o juiz iniciou a leitura da sentença.
Os jurados reconheceram o motivo fútil, o porte ilegal de arma e rejeitaram a absolvição.
21h40 – Pena-base fixada em 23 anos, ajustada para 24 anos, 7 meses e 5 dias com qualificadora.
21h42 – Com agravantes, a pena final foi definida em 27 anos, 7 meses e 5 dias.
A sessão foi oficialmente encerrada às 21h42, sob forte comoção entre familiares de Éder, que acompanharam cada momento do julgamento.
LINHA DO TEMPO DO JÚRI — CASO ÉDER REZINI
09h00 – Início do julgamento.
10h35 – Discussão entre delegado e defesa.
10h49 – Defesa pressiona sobre laudos e BO.
10h54 – Familiares são convocados ao plenário.
10h55 – Delegado: “O assassino aqui é o seu cliente.”
10h57 – Pausa na audiência.
11h11 – Sessão retorna; juiz pede calma.
11h14–11h15 – Depoimento da mãe de Éder emociona plenário.
13h50 – Interrogatório do réu.
14h00–15h37 – Apresentação de provas técnicas.
15h46–17h35 – Confronto entre acusação e defesa.
17h56 – Início da réplica.
19h07 – Tréplica da defesa.
19h57 – Leitura dos laudos.
20h10 – Votação dos jurados.
21h30 – Leitura da sentença.
21h42 – Pena final anunciada.