A manhã desta terça-feira foi marcada por forte comoção, embates acalorados e depoimentos emocionantes durante o júri popular de Thiago Vargas Pettirini, o “Gaúcho”, acusado de homicídio qualificado pela morte do corretor de imóveis Éder Rezini, ocorrida em outubro de 2024. O julgamento ocorre diante de sete jurados — cinco mulheres e dois homens — com público limitado a 35 pessoas mediante distribuição de senhas.

O clima começou a ficar tenso por volta das 10h35, quando houve um embate direto entre o advogado de defesa e o delegado Rodrigo Dantas, responsável pelas investigações. O defensor questionou detalhes do laudo e do boletim de ocorrência, exigindo que o delegado confirmasse se lembrava de todos os fatos. Às 10h55, Dantas rebateu com veemência: “Não distorça as coisas, advogado. O assassino aqui é o seu cliente”.
A discussão levou o juiz a determinar uma pausa na sessão às 10h57, retornando às 11h11 com um pedido para que todos mantivessem a tranquilidade e evitassem exaltações.

A sequência de depoimentos trouxe grande comoção ao plenário. A mãe de Éder Rezini foi a terceira a falar, iniciando às 11h14. Em prantos, ela relatou os momentos que presenciou no dia do crime:
“Eu gritava pra ele não atirar, e ele disse: ‘tu me fechou, cara, agora tu não fecha mais ninguém’. Ele deu dois tiros nele, o Éder levantou e ele deu mais um tiro.”
Minutos depois, às 11h15, ela descreveu o instante em que o filho morreu em seus braços, na frente da neta:
“Eu pedia pra ele me responder e ele não falava mais nada. Ele foi caindo no meus braços e morreu nos meus braços.”
Questionada pela promotoria às 11h22 sobre quem era Éder, respondeu emocionada:
“Era um filho educado, todo mundo gostava dele… um filho maravilhoso.”
A mãe ainda afirmou, às 11h31, que a família do réu jamais procurou a deles após o crime.
Ao término, às 11h33, deixou o púlpito amparada pela filha, ambas bastante abaladas.
Às 11h38, foi ouvido Marcos Rezini, irmão da vítima. Ele contou que estava trabalhando em Tijucas quando recebeu uma ligação do próprio filho, que presenciou a ação na casa da avó:
“Pai, socorro, o ‘dindo’ foi baleado. Foi aqui na casa da vó, chama a polícia.”
Marcos afirmou que, ao chegar ao local, as polícias Civil e Militar já estavam presentes (11h40).
Um dos momentos mais sensíveis do depoimento de Marcos veio às 11h50, quando ele revelou que familiares de Fernanda Moresco, esposa do réu, estiveram no velório de Éder. Ele acrescentou:
“Eu quero acreditar que eles não sabiam que o Tiago tinha sido o autor do crime contra o Éder.”
A promotora, então, questionou: “Mas a Fernanda sabia e estava no velório?”
“Sim”, respondeu Marcos.
O júri prossegue ao longo do dia, com a apresentação de depoimentos colhidos durante a investigação e novas oitivas. A expectativa é de que as discussões avancem com intensidade, dada a gravidade do caso e a forte carga emocional envolvida.