O ambiente político em Canelinha começou a apresentar sinais de desgaste bem antes do próximo ciclo eleitoral. A disputa por espaço dentro do grupo governista deixou de ser tratada apenas nos bastidores e passou a interferir diretamente em votações na Câmara de Vereadores, revelando um cenário de tensão crescente.
O episódio mais recente ocorreu durante a análise do sistema de lotérica municipal, que teria seu funcionamento regulamentado. Havia um acordo prévio para a tramitação da matéria, mas o projeto acabou rejeitado, contrariando o combinado. A movimentação foi interpretada internamente como reflexo das negociações envolvendo quem assumiria interinamente a prefeitura durante as férias do prefeito.
Corrida antecipada pela sucessão tem gerado seus primeiros atritos na base governista. Imagens: Ilustração
O presidente da Câmara, Leandro Mafra (PL), demonstrou interesse em ocupar o cargo por 30 dias, assim como outros vereadores da base. No entanto, quando a proposta chegou ao vice-prefeito Antônio Carlos Machado Júnior (PSD), o impasse se instalou. Júnior vê na interinidade uma oportunidade estratégica para fortalecer seu nome como pré-candidato em 2028 e não aceitou abrir mão da possibilidade.
Olhos em 2028
Mesmo com as eleições ainda distantes, as articulações se intensificam. Em reunião recente, o vice-prefeito reafirmou que pretende concorrer à prefeitura e pediu apoio dos aliados, declaração que gerou desconforto entre os presentes. O presidente da Câmara também anunciou que colocará seu nome à disposição e que não descartará mudar de grupo caso tenha desempenho favorável nas pesquisas. A vereadora Janaira Reis (PSD) seguiu a mesma linha e manifestou interesse na disputa majoritária.
A lista de potenciais candidatos não para por aí. Na base, a secretária de Educação, Fernanda Dias Jacintho, aparece como alternativa para a cabeça de chapa, enquanto a secretária de Saúde, Vanilda Rebelo, teria demonstrado disposição para compor como vice. O prefeito mantém silêncio e evita qualquer gesto que possa gerar rupturas prematuras.
Na oposição, o cenário também se movimenta. O MDB trabalha os nomes do advogado Alesson Alexandre Cardozo e da vereadora Fabrícia Betinelli, que tem ampliado sua atuação pública. Já o vereador Robinson Carvalho Lima (União) surge como opção e segue ativo nos bastidores, observando as fissuras no grupo adversário.
Com diferentes correntes se formando, a política de Canelinha dá sinais de que os próximos meses serão marcados por disputas internas, rearranjos e uma intensa reorganização de forças, muito antes do início oficial da corrida eleitoral.
