Na manhã desta quarta-feira (03/09), o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) saiu às ruas para cumprir 28 mandados de busca e apreensão e quatro prisões preventivas. A ação, batizada de Operação Black Flow, foi realizada em apoio à 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Itapema.
Foto: MPSC
De acordo com as investigações, um grupo empresarial estaria por trás de um esquema milionário de fraudes no setor imobiliário, envolvendo crimes como organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e crimes contra a economia popular.
O modus operandi era bem engenhoso: o grupo lançava empreendimentos por meio de empresas chamadas SPEs (Sociedade de Propósito Específico), vendia os imóveis mesmo sem o registro de incorporação imobiliária e, em muitos casos, nem chegava a iniciar as obras.
O dinheiro pago pelos compradores era desviado para outras empresas do grupo ou até mesmo para contas pessoais dos envolvidos, bancando despesas como cartões de crédito e veículos.
Apesar de terem criado 43 empresas ligadas às SPEs, apenas 16 de fato negociavam com clientes. E o mais grave: em Itapema, apenas um empreendimento chegou a ser entregue — mas com diversas irregularidades estruturais.
Segundo o Ministério Público, o esquema teria movimentado quase R$ 90 milhões, deixando para trás uma fila de prejudicados: compradores, corretores de imóveis e até permutantes.
Interceptações telefônicas revelaram ainda que funcionários recebiam ordens para fazer transferências sem previsão e até manipular registros contábeis para tentar dar uma aparência de legalidade ao esquema.
As ordens judiciais foram expedidas pela Vara Estadual de Combate às Organizações Criminosas, em Florianópolis. As ações ocorreram em Porto Belo, Itapema e Joinville, além do Rio de Janeiro e São Paulo.
O nome “Black Flow” faz referência ao “fluxo obscuro” do dinheiro que deveria financiar obras, mas que terminava em contas pessoais dos investigados.
Na operação, o GAECO contou com apoio da Polícia Científica de SC e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).