A agência de notícias Reuters publicou nesta segunda-feira (1º) uma reportagem sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começou nesta terça-feira (2), onde afirmou que o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, está desafiando o presidente dos EUA, Donald Trump, e “testando a paciência” de seus colegas na mais alta corte do Brasil.
Foto: Fábio Setti/The New Yorker
“O Supremo Tribunal Federal do Brasil entra nesta semana na fase final de deliberações no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, em um caso que provocou a ira do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ninguém sentiu tanto a força dessa fúria – ou a rejeitou com tanto desdém – quanto Alexandre de Moraes, o juiz que colocou Bolsonaro em prisão domiciliar, prendeu centenas de seus apoiadores pela invasão de prédios do governo e enfrentou Elon Musk sobre o conteúdo em redes sociais. Sua perseguição a Bolsonaro levou Trump a impor uma tarifa comercial de 50% ao Brasil, restrições de vistos e sanções financeiras individuais”, diz o texto.
Na publicação, a Reuters relatou que neste momento há um movimento dentro do STF para que alguns ministros se distanciem de decisões de Moraes. Nesse contexto, a agência destacou a postura do ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro em 2021, veiculando sua fala recente, onde ele afirmou que “um bom juiz deve ser respeitado, não temido. Suas decisões devem trazer paz social, não caos, incerteza ou insegurança.”
Segundo a Reuters, neste momento há uma preocupação dentro da Corte de que o processo contra Bolsonaro provoque ainda mais reações de Trump, “que tem exigido que o Brasil abandone o julgamento que o presidente americano chama de caça às bruxas.”
A reportagem citou que Trump já tomou outras medidas diretas contra ministros do STF.
“Em julho, o governo dos Estados Unidos retirou vistos de oito ministros do Supremo, poupando apenas três que haviam claramente divergido de Moraes em casos anteriores.”
A reportagem cita que, “Moraes e seus apoiadores dizem que sua abordagem agressiva contra Bolsonaro e seus aliados sempre teve como objetivo defender a democracia brasileira […]. Seus críticos argumentam o contrário, acusando-o de censura e abuso ilegal em ordens para remover postagens de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, apreender os telefones de empresários que discutiam as virtudes de um golpe e prender um parlamentar que fez ameaças contra a Corte.”
A matéria relatou também que, segundo aliados de Bolsonaro, já existem mais de 41 senadores favoráveis à abertura do processo de impeachment de Moraes, embora sejam necessários 54 votos. O texto pontua, contudo, que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tem resistido em pautar o tema.
Texto: Gazeta do Povo
