Na noite do dia 10 de julho, sem terno, sem seguranças, sem títulos — apenas com roupas simples e um olhar atento — o prefeito de Criciúma, Vágner Espíndola, conhecido como Vaguinho, mergulhou anonimamente na realidade das ruas da própria cidade que governa. Durante quase 24 horas, ele viveu como uma pessoa em situação de rua, em silêncio e disfarçado, observando, sentindo e escutando a cidade de um ângulo que poucos gestores públicos ousariam experimentar.

A ação foi mantida em sigilo. Apenas sua esposa e uma equipe responsável pelas imagens sabiam do plano. Ao longo do dia e da noite, Vaguinho percorreu praças, avenidas movimentadas, pontos esquecidos nos trilhos do bairro Pinheirinho. Recebeu doações de estranhos, passou despercebido por conhecidos e, em um momento simbólico, cruzou com a própria família — e as crianças não o reconheceram.

No início da madrugada, no bairro Santa Bárbara, foi finalmente abordado por uma equipe da Assistência Social da prefeitura. O protocolo foi seguido: escuta, oferta de abrigo e tentativa de convencimento. Só então o prefeito revelou sua identidade e encerrou a experiência.

Agora, com base no que viu e viveu, Vaguinho promete mudanças. Um novo protocolo de atendimento será apresentado à Câmara de Vereadores. Ele afirma que vai fortalecer a rede de acolhimento, mas também endurecer ações em casos extremos — como internações involuntárias. Uma vivência silenciosa, mas que promete ecoar em decisões que tocam diretamente a vida de quem vive à margem.