Um bebê recém-nascido faleceu durante o parto na última sexta-feira, 25 de abril, no Hospital Municipal Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú (SC). O caso gerou forte comoção e revolta entre os familiares, que denunciam negligência médica e má condução do atendimento à gestante. A mãe da criança, Dayla Fernanda Pedroso Ramos, precisou passar por uma histerectomia de emergência e perdeu o útero para sobreviver.
Foto e informações: Camboriú News
Em nota oficial divulgada no sábado (26), a Prefeitura anunciou o afastamento cautelar do médico obstetra responsável pelo parto, identificado como Dr. D.M.S., e a abertura de uma sindicância interna. A administração também determinou que a responsável pela rede de saúde municipal, Alyne, entregue um parecer técnico em até 72 horas. O prontuário de acompanhamento pré-natal foi requisitado, e o caso está sendo analisado pelo Comitê de Óbito e pela Comissão de Ética do hospital.
Segundo o relato da mãe, ela chegou ao hospital por volta das 8h10 da manhã e informou repetidas vezes que já havia passado por uma cesárea anterior, com recomendação médica expressa de não realizar parto normal. Mesmo assim, o trabalho de parto foi induzido com ocitocina e houve rompimento artificial da bolsa amniótica, segundo Dayla. “Eu falei que não podia ser induzido, pedi duas vezes a cesárea. Eles não ouviram”, declarou.
As complicações se intensificaram quando, segundo o pai da criança, uma enfermeira subiu na barriga da gestante para forçar o parto — uma prática conhecida como manobra de Kristeller, condenada por organizações médicas. O bebê ficou preso no canal vaginal, enquanto o médico, segundo o pai, se mostrava indiferente ao desespero da família.
“Minha mulher estava desfalecida. Só depois que eu gritei no hospital veio socorro. O primeiro médico debochou da minha aflição”, afirmou Ragner, emocionado. Apenas um segundo médico agiu diante da situação crítica, levando Dayla ao centro cirúrgico. Lá, foi constatada uma ruptura uterina grave, e ela foi submetida a uma histerectomia total.
A criança foi retirada do útero já sem vida. O corpo do bebê foi inicialmente enviado para Florianópolis para autópsia, em desacordo com o protocolo, o que gerou mais indignação. Após protestos da família, o corpo foi transferido de volta a Balneário Camboriú.
A Prefeitura afirma ter acolhido a mãe com suporte psicológico, mas o pai relatou não ter recebido nenhum atendimento emocional. Em reunião com autoridades municipais no sábado, a prefeita Juliana Pavan prometeu arcar com os custos do velório da criança, mas, até o momento, a família afirma que a promessa não foi formalizada.
Prontuários apresentados à família apresentam divergências sobre a causa do rompimento da bolsa amniótica, o que reforça as denúncias de inconsistências no atendimento e tentativa de omissão. A família registrou boletim de ocorrência por negligência médica, omissão de socorro e erro profissional.
O caso segue sob investigação da Secretaria Municipal de Saúde, do Comitê de Ética e do Serviço de Verificação de Óbito (SVO). A Prefeitura reafirmou o compromisso com a transparência e afirmou que as medidas adotadas visam assegurar a qualidade dos serviços prestados.