Durante a sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, nesta terça-feira (12), o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) expôs um documento que indica que o chefe de gabinete da relatora da investigação, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), teria conversado com G. Dias para combinar perguntas e respostas do ex-GSI poucos dias antes de seu depoimento à Comissão.
Segundo o parlamentar, o chefe de gabinete da relatora, Ernando Alves da Silva Melo, foi na casa de G. Dias no dia 29 de agosto. No mesmo dia, o ministro do GSI recebeu, de seu conhecido, Cel. Titan, um documento com perguntas que seriam feitas durante seu depoimento na comissão e sugestões de respostas para que se defendesse das acusações.
As informações foram coletadas das mensagens que estão sob poder da Comissão desde que o ex-ministro do GSI disponibilizou a quebra do sigilo de seu telefone, em 31 de agosto.
O fato, conforme expõe o deputado, é claramente uma prova de suspeição (em analogia aos processos judiciais) da relatora que, ao se encontrar (por meio de um membro de seu gabinete) com um depoente investigado e combinar respostas com ele, demonstra suas claras intenções de livrá-lo de qualquer incriminação. Deste modo, seu relatório estaria "eivado de um vício insanável", e não pode ser aceito pela Comissão.
Ainda, conforme informações, quem teria mediado a troca de informações foi Gabriel Dias, filho do ex-GSI. A conversa por mensagens entre os parentes foi exposta por Barros, em um esquema ilustrativo apresentado à CPMI.
Veja:
De modo a corroborar com a acusação de Filipe Barros, as perguntas apresentadas pelo documento exposto coincidem com as perguntas feitas dois dias depois pela relatora durante o depoimento de G. Dias à Comissão investigativa.
Veja a comparação:
DOCUMENTO: General, o senhor mandou que o diretor-adjunto da Abin, Saulo Cunha, adulterasse o relatório de alertas de segurança sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro? Ele disse que o senhor ordenou que fosse retirado o seu nome do primeiro relatório enviado à CCAI, do Congresso Nacional, no dia 20 de janeiro. O senhor determinou uma fraude em documento público?
SENADORA: Minha pergunta para o senhor é clara: o senhor mandou fraudar este segundo documento, este segundo relatório?
DOCUMENTO: General, o Plano Escudo do Planalto, que estava ativado desde o dia 2, não era insuficiente para conter os protestos? Não era necessário que houvesse mais tropas de prontidão? Por que o contingente não se deu em número suficiente?
SENADORA: Mesmo que houvesse todo o efetivo ordinário por parte do Palácio do Planalto – na linha azul e na linha verde, ela teria, de fato, efetividade se as anteriores falhassem, se essas anteriores, de fato, não tivessem o efetivo da Polícia Militar?
DOCUMENTO: O senhor conversou com Saulo Cunha, com a coronel Cíntia, da PM do DF e com o General Penteado na manhã do dia 8 de janeiro. O que cada um deles disse ao senhor, qual a sequência dessas conversas e o que eles achavam da gravidade dos protestos que já estavam nas ruas naquele momento?
SENADORA: Me explique como é que se deu essa sua conversa tanto com o Penteado, quanto com a Cíntia.
Fonte: Novo BSM