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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (23), que uma carta adicional que a UE (União Europeia) enviou ao Mercosul sobre o acordo entre os blocos faz “ameaça” ao Brasil. A fala contradiz o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou não haver “problema nenhum” com os compromissos ambientais da chamada “side letter”.
“Eu estou doido para fazer um acordo com a União Europeia. Mas não é possível, porque a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que nós tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaça a um parceiro estratégico”, disse o presidente Lula nesta sexta-feira 23 de junho.
“Não estamos com problema nenhum em relação aos compromissos ambientais, mas quando você faz uma ‘side letter’ depois de fechar um acordo, a impressão que dá é muito mais de um elemento para postergar uma decisão do que propriamente uma preocupação que nós temos”, afirmou o ministro Haddad nesta quinta-feira 22 de junho.
Haddad comentou o assunto em Paris, onde participou de reunião com Lula e o homólogo da França, Emmanuel Macron. Ao falar sobre um “acordo”, referiu-se ao pré-acordo fechado em 2019, assinado pela equipe do ex-ministro da Economia Paulo Guedes na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
O documento estabelecia amplo acesso dos europeus às compras governamentais do Mercosul. O presidente Lula acha que isso pode prejudicar indústrias do país e quer rever o ponto, mas enfrenta resistência.
Já a carta adicional, chamada em inglês de “side letter”, foi encaminhada em março deste ano. Nela, os europeus apresentaram novas exigências ambientais, com a previsão de sanções em caso de descumprimentos de obrigações climáticas. Lula, por sua vez, citou o termo “ameaça” ao falar do tema ao lado de Macron.