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A inveja é uma característica humana que se manifesta desde cedo em nosso processo de desenvolvimento. Ela é um sentimento universal, primário, complexo e está presente em muitas situações do cotidiano, como, por exemplo, no ambiente corporativo.
Em um cenário com pressões excessivas, frustrações, acúmulos de responsabilidades, permeados muitas vezes com falta de reconhecimento, não é difícil florescer a competição entre os colaboradores, fato inclusive estimulado por muitas organizações e definido como algo “saudável”. Só que esta disputa nem sempre é absorvida por todos da mesma forma, pois depende do tipo de personalidade e da estrutura emocional de cada um.
Com isso, quando há qualquer manifestação de sucesso do outro, desde um simples elogio até uma promoção, a inveja, como consequência, é o tipo reação mais comum despertada naquele que não conseguiu tal conquista. Aqui, o sentimento de injustiça que invade pode transformar-se em vingança, manifestada de diversas maneiras.
Há aqueles que, como forma de esconder de si mesmo o sentimento de inveja, recorrem à bajulação. Outros buscam destruir o objeto invejado. Mas a forma mais comum é a fofoca, pois é uma maneira de despejar a raiva com o objetivo de denegrir o outro que, segundo a opinião do invejoso, não merecia aquela conquista. Só que esta forma de vingança traz uma sensação de bem estar apenas momentânea, já que o problema que desencadeou tais fatores emocionais não foi resolvido.
O fato é que há no invejoso uma desvalorização pessoal. Devido a sua baixa autoestima e sentimento de inferioridade, não consegue reconhecer suas qualidades, o que dificulta se livrar do sentimento da inveja. Contudo, se bem administrado, ele pode mudar o resultado da situação, mas não com o propósito de destruir o que o outro conquistou e sim de rever e compreender quais aspectos que precisam ser desenvolvidos e aprimorados em si mesmo, ao invés de queixar-se de injustiça ou de que o outro sempre tem mais sorte que ele.
Neste sentido, a inveja pode ser vista por um prisma positivo. Tudo depende da forma como cada um a encara, uma vez que ela pode ser uma oportunidade de reconhecer as próprias falhas e sair da zona de conforto.
Não é um processo simples, feito da noite pro dia, pois requer persistência e determinação, mas é possível. E as organizações podem e devem auxiliar através de atitudes positivas. A começar com lideranças menos autoritárias, que reconheçam e valorizem o potencial de cada um, tendo como ponto de partida o respeito à individualidade.
Texto: Joselene L. Alvim - psicóloga