Foto: ALESC/Divulgação
A Polícia Federal cumpriu diversos mandados de prisão domiciliar na manhã da última terça-feira (19), em cidades de Santa Catarina. As ações, que fazem parte da segunda fase da Operação Alcatraz, aconteceu nas cidades de Florianópolis, Biguaçu, Joinville e Xanxerê.
Em Florianópolis Júlio Garcia, presidente da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), foi preso e conduzido até a sede da Polícia Federal para prestar esclarecimentos e retornou para casa. Apontado nas investigações como um dos líderes de uma organização criminosa que praticava delitos contra a administração pública, o deputado estadual é acusado pela polícia e pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter recebido mais de R$ 7 milhões de forma indevida entre 2012 e 2017.
Conforme o documento de mais de 600 páginas, Julio Garcia teria recebido repasses de R$ 7,7 milhões através de empresas de tecnologia ligadas aos operadores financeiros do esquema ilícito. O dinheiro, segundo investigação, teria como origem desvios feitos dos contratos de administração do SC Saúde (plano de saúde dos servidores públicos estaduais de Santa Catarina).
A informação foi confirmada pelo advogado do deputado, Cesar Abreu, que afirmou que o mandado que prevê a prisão domiciliar do político foi cumprido.
Ao todo, 34 mandados de busca e apreensão, 11 mandados de prisão preventiva e nove de prisão temporária foram realizados. O nome dos detidos ou investigados não foram divulgados, pois o caso segue em sigilo, afirmou a Polícia Federal. Todos os presos foram liberados para prisão domiciliar utilizando tornozeleira eletrônica.
OPERAÇÃO ALCATRAZ
Segundo o chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal do Estado, Rodrigo Muller, participavam do esquema integrantes de primeiro escalão do governo, como secretários, ex-secretários, ex-secretário-adjunto, ex-governador e membros do poder legislativo, mas há também servidores do núcleo tecnológico dessas secretarias.
Aos menos R$ 500 milhões teriam sido pagos pelo Governo para as principais empresas de tecnologia por cerca de 10 anos e a suspeita da PF é de fraudes que ultrapassam R$ 50 milhões de verbas destinadas à Secretaria de Saúde do Estado, repassados mediante contratos simulados a empresas pertencentes a operadores financeiros que seriam integrantes da organização criminosa.
O dinheiro dos processos licitatórios eram desviados, segundo a PF, por empresas de fachada, suspostamente de consultoria e sacado diretamente na boca de caixa para ser repartido aos integrantes da suposta organização criminosa.
A Polícia Federal, junto com Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal, já conseguiu recuperar cerca de R$ 20 milhões. Nesta fase, foram apreendidos carros de luxo, dinheiro e feito o sequestro de bens dos investigados.
Fonte: G1